A Importância (Valores) da Biodiversidade
- Cláudia Costa
- 27 de out. de 2018
- 3 min de leitura

Como já tinha sido anteriormente afirmado, a diversidade biológica constitui a base de sobrevivência e de manutenção a longo prazo dos ecossistemas naturais e através deles dos bens e serviços que a humanidade necessita. Ainda de acordo com a Comissão Europeia “A biodiversidade — a extraordinária variedade de ecossistemas, espécies e genes que nos rodeia — é não só importante por si mesma como também por proporcionar à sociedade uma vasta gama de serviços ecossistémicos dos quais dependemos, como os alimentos, a água doce, a polinização, a proteção contra as inundações, etc....” (UE, 2011 : 1). O valor da biodiversidade e dos processos naturais na produção de serviços ecossistémicos dos quais as pessoas dependem não é, contudo, possível de captar pelos mercados financeiros. A degradação e escassez dramática dos recursos representam a perda de um ativo de capital que é pouco refletido nos indicadores convencionais de crescimento económico ou crescimento do bem-estar humano. Segundo o Millennium Ecosystems Assessment, as avaliações técnicas dizem-nos, no entanto, que as atividades humanas constituem, hoje mais do que nunca, uma ameaça às espécies e ecossistemas. A perda de biodiversidade e consequentemente mudanças nos ecossistemas têm um custo mais elevado para a sociedade do que os benefícios individuais associados. Mesmo quando o nosso conhecimento sobre benefícios e custos é incompleto, devemos ter uma abordagem preventiva pois os custos associados podem ser elevados e muitas vezes as alterações irreversíveis. Ainda, em alguns estudos económicos sobre alterações dos ecossistemas, tais como desflorestação ou degradação dos recifes de corais, o custo de recuperação desses habitats é sempre maior que os benefícios, embora necessário.
A biodiversidade contribui quer diretamente (através do fornecimento e regulação de serviços de ecossistemas) quer indiretamente (através do suporte de serviços de ecossistemas) para cinco fatores essenciais do bem-estar humano, sendo eles: Segurança, elementos básicos para uma boa vida, saúde, boas relações sociais e liberdade de escolha e ação. Para além disso, conservar a diversidade biológica constitui uma medida de segurança, no sentido em que possibilita descobertas no âmbito da medicina, da alimentação, desenvolvimento económico e social e permite encontrar mais respostas adaptativas às alterações ambientais. A perda de biodiversidade constitui, portanto, um problema para a humanidade. O facto dos valores sociais e os valores privados diferirem amplamente no que concerne à conservação da biodiversidade e dos sistemas naturais tem agravado o problema. O valor privado da biodiversidade pelos indivíduos vai assim ignorar os benefícios externos resultantes da sua conservação. Por exemplo, as consequências para o solo causadas pelo uso excessivo de pesticidas nunca poderão ser contrabalançadas pelos benefícios do uso da agricultura intensiva por parte de um agricultor. No último século, muitos indivíduos beneficiaram da conversão de ecossistemas naturais para ecossistemas alterados e dominados pelo Homem e da exploração da diversidade biológica, no entanto, e ao mesmo tempo as perdas de biodiversidade e as alterações nos serviços de ecossistemas levaram muitos grupos sociais a experienciar um declínio no bem-estar e pobreza extrema. A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB) refere a importância que o desenvolvimento seja sustentável, ou seja, tenha em conta o valor real dos ecossistemas naturais. Esta análise deverá ser feita apesar da dificuldade em encontrar metodologias adequadas nesta economia dos ecossistemas ainda em construção. Medidas essas que devem ter em consideração diferentes métodos de avaliação, quer quantitativos (em factores possíveis de quantificar, como p.ex. o custo de purificar a água), quer qualitativos (na valoração de factores sociais e espitituais difíceis de quantificar). As "... políticas que expressem o valor real da biodiversidade e dos ecossistemas naturais contribuirão para o desenvolvimento sustentável... " (TEEB, 2008: 10).
É, portanto, inegável a importância da biodiversidade no bem-estar humano e prosperidade económica. Torna-se imperativo travar as alterações catastróficas decorrentes da perda de biodiversidade e degradação irreversível dos serviços de ecossistemas, o que acarreta enormes prejuízos sociais e económicos com o reconhecimento da UE. Estas preocupações levaram inclusivamente a Comissão Europeia a adotar uma nova estratégia, onde estabeleceu um conjunto de ações até 2020 com vista a “recuperar essa biodiversidade e esses serviços, intensificando simultaneamente o contributo da UE para evitar a perda de biodiversidade ao nível mundial”.
Millennium Ecosystem Assessment (2005). Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institut.. Washington, D.C.
TEEB - A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (2008) . Relatório Preliminar. European Communities.
União Europeia. Estratégia de Biodiversidade da UE para 2020 (2011). Acedido a 26.10.208. Disponível em:
Comments