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Ameaças à Geodiversidade

  • Foto do escritor: Cláudia Costa
    Cláudia Costa
  • 2 de dez. de 2018
  • 4 min de leitura

Reportagem sobre a extração de Lítio (a partir de Espodumena, um mineral agarrado às rochas) nas Covas do Barroso (Património Agrícola Mundial). Com pretensões de prospeção por parte de uma multinacional inglesa que pode acabar na maior mina de Lítio a céu aberto da Europa Ocidental. A preocupação das populações com os impactes ambientais, que até hoje não têm contestado estas atividades, tem agora aumentado. A preocupação das populações está visível na peça, onde um dos seus membros refere que entende que os recursos devem ser explorados, mas que devemos ter em conta a forma como o fazemos salvaguardando a qualidade de vida das pessoas. O desconhecimento e as informações pouco claras dadas às populações está também

A geodiversidade, tal como a biodiversidade, passa por vários tipos de ameaças (muitas delas comuns pela sua interdepêndencia). Colmatar tais problemas e destruição implica o equilíbrio entre a conservação e a exploração de recursos naturais. Murray Gray identificou diversas ameças (Gray 2004, como referido em Brilha 2005), provocadas direta ou indiretamente pela atividade humana e que podem variar no grau de afetação e ser de diferentes tipos. Brilha (2005) defende que a erradicação total da exploração de recursos, não poderá ser definitiva e nem feita de forma abrupta, devido à dependência da espécie humana destes recursos geológicos naturais. Contudo, a factura a pagar pelo nível de desenvolvimento das sociedades modernas, que não abdicam de um estilo de vida com máximo conforto será inevitável.

Entre as ameaças com mais impactes ambientais podemos salientar: 1) A Exploração de Recursos Geológicos; 2) A Gestão de Bacias Hidrogáficas e 3) O Desenvolvimento de Obras e Estruturas.

1) Com relação à primeira, constitui uma ameaça pois leva à inevitável destruição da geodiversidade na zona explorada. A extração de minérios afeta a paisagem natural e as populações, em particular as extrações a céu aberto, como está patente nesta peça jornalística, onde o ruído, o pó, a contaminação das águas, poderão vir a afetar negativamente a qualidade de vida destas povoações. A um outro nível de ameaça, temos os afloramentos em que formações rochosas com valor científico, educativo ou outro, podem ser danificadas. Os impactes negativos nos processos naturais são mais outra ameaça, como a destruição das dunas e a exploração de areias em zonas costeiras. que feita sem planeamento pode resultar numa rápida erosão;

2) Ainda de forma indireta, a extração de inertes pode contaminar os recursos hídricos (águas superficiais e subterrâneas) levando à destruição da fauna e da flora e provocando a degradação do solo e consequentemente a sua produtividade agrícola. Brilha (2005) realça, contudo, um factor benéfico da atividade extrativa na geodiversidade em que "... muitas frentes de exploração foram essenciais no estudo de inúmeras ocorrências geológicas relevantes, até aí desconhecidas" (Brilha, 2005: 43). Como exemplo, temos as gravuras rupestres de Foz Côa, só descobertas devido ao projeto de construção de uma barragem;

3) Intervenções como a construção de infraestruturas e vias de comunicação, construção de barragens e de edíficos megalómanos, são das maiores ameaças à geodiversidade, pois todas as grandes obras têm forçosamente impactes negativos sobre a mesma.

Apesar da pouca importância dada em Portugal aos impactes das Atividades Militares, estes já estão a ser incluídos em análises de impactes geológicos de muitos outros países.

4) Esta ameaça é mais uma das que prejudicam a geodiversidade mas também a biodiversidade (nesta intíma relação). Como resultado dos bombearmentos e uso de maquinaria pesada temos o aumento da erosão dos solos. O material bélico abandonado provoca impactes negativos nas águas.

As três outras ameças que serão descritas de seguida estão ligadas entre si e dependem sobretudo das atitudes dos cidadãos. São elas: 5) Atividades Recreativas e Turísticas; 6) Colheita de Amostras Geológicas para Fins não Científicos e 7) Iliteracia Cultural.

5) No que concerne às atividades recreativas e turísticas representam também elas uma ameaça à geodiversidade, na medida em que colocam o equilíbrio das estruturas geológicas em causa e podem provocar a destruição das mesmas. Exemplo destas atividades são os veículos todo-o-terreno, o motocross, a escalada e os numerosos campos de golfe (principalmente em zonas com escassez de recursos hidrícos);

6) A colheita de amostras geológicas, que se justifica para fins educativos e científicos, embora a sua grande maioria não tenha benefícios para o nosso país, já que muitas destas amostras são utilizadas por cientistas estrangeiros. Mais prejudicial do que a recolha destas amostras com objetivos educativos e científicos é a recolha feita com objetivos meramente lucrativos. Lemos et al. (2018) dizem-nos que"Alguns minerais como como o diamante e a esmeralda, são muito valiosos. Em Portugal, os minerais de cobre, de zinco e de volfrâmio têm interesse esconómico." (Lemos et al., 2018: 52). Fazendo ainda referência às saídas de campo, estas devem ter uma componente meramente educativa, onde a educação e ecocidadania devem ter um papel crucial na sensibilização dos alunos para a não recolha de amostras.

7) A Iliteracia cultural sobretudo dos responsáveis políticos e técnicos tem influência em todas as ameaças anteriormente abordadas.

Podemos concluir, que a preocupação recente em matéria de geodiversidade justifica o desconhecimento e a pouca sensibilização face a esta problemática, e que se estende aos tomadores de decisões políticas e aos profissionais da área. Tal facto tem consequências numa eficaz Geoconservação. Como tal, é necessário mais formação e atualização de conhecimentos. Os impactes causados podem ser minimizados com uma execução e projeção adequadas. Será urgente a promoção de sustentabilidade e de um melhor planeamento estratégico, bem como estudos de impacte ambiental de forma a encontrar soluções mais adequadas. Torna-se portanto urgente, olhar para a geodiversidade como um capital limitado, assegurar uma gestão equilibrada dos recursos geológicos e encontrar alternativas sustentáveis, de forma a minimizar as consequências nefastas e irreversíveis para a geodiversidade.

Referências Bibliográficas:

Brilha J. (2005). Património Geológico e Geoconservação. A Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica. Palimage Editores. Braga.

Lemos A. et al. (2018). CIENTIC 5 - Ciências Naturais. (1ª Ed.). Porto Editora.


 
 
 

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